A sigla ESG, muito utilizada no universo corporativo e associada à sustentabilidade tem ganhado cada vez mais espaço dentro das organizações. Traduzidos do inglês para o português, os princípios de Environmental, Social and Governance, de forma direta significam ambiental, social e governança.  Mas a grande questão é qual a relação do ESG com o setor do agronegócio.

O agronegócio ultrapassou o setor industrial em termos econômicos, posicionando o país como uma das potências mundiais do setor, grande produtor e exportador de diferentes commodities. Em 2020,  houve um crescimento recorde, pois a soma de bens e serviços gerados no agronegócio chegou a R$ 1,98 trilhão ou 27% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro. Entre os segmentos, a maior parcela é do ramo agrícola, que corresponde a 70% desse valor, representando R$ 1,38 trilhão.

No ano passado, a participação chegou a 27,4%. Em relação a 2022, segundo o CEPEA/Esalq, entre os meses de janeiro e março, houve um aumento de 6,2% na geração de empregos, representando 18,74 milhões de pessoas. É um aumento de mais de 1 milhão de trabalhadores no agronegócio, o que reflete a quase 20% do total da participação do mercado de trabalho no país.

De fato, o agronegócio é um setor de grande importância para o país e para o mundo, entretanto, são exigidas cada vez mais alternativas para seu crescimento de forma sustentável. Mas qual o papel do ESG nesse cenário e como essa prática pode apoiar e impulsionar o setor do agronegócio?

O que é ESG?

A sigla surgiu depois que a nomenclatura Socially Responsible Investing (em português, Investimento Socialmente Responsável) passou a ser usada nas décadas de 1970 e 1980. Durante esse período, os fundos de investimento começaram a considerar critérios sociais na tomada de decisão em relação a quais empresas deveriam receber aportes.

Com o tempo, a prática foi se tornando mais comum. Entre os anos 1990 e 2000, surgiram os primeiros índices financeiros socialmente responsáveis, como MSCI KLD 400 Social Index e Dow Jones Sustainability Index.

Finalmente, em 2005, a sigla ESG e as práticas de impacto social ganharam força e foram oficializadas no relatório Who Cares Wins (ou, em português, “Ganha Quem se Importa”), resultado de uma iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas).

Depois da definição de diretrizes por vários países, incluindo o Brasil, ESG pode ser entendido como uma maneira de avaliar as práticas das empresas com base nas suas políticas ambientais, sociais e de governança. Também pode ser usado para investimentos, como uma espécie de critério de sustentabilidade: ao invés de olhar apenas para índices financeiros, os investidores podem observar as práticas ESG das companhias em que eles estão interessados em investir.

Como ESG se aplica no agronegócio brasileiro?

O agro brasileiro é um dos setores mais sólidos e rentáveis para investir. Em menos de 50 anos, o país se tornou um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do mundo. Tecnologias aplicadas ao campo foram grandes responsáveis pelo crescimento da  produção por hectare.

Além disso, o país tem enormes vantagens que garantem forte competitividade no mercado, como profissionais qualificados, boa capacidade de gestão na produção e comercialização, oferta ambiental favorável, bom nível de desenvolvimento tecnológico, alta capacidade de produção de maquinaria agrícola e baixo custo de produção.

Diante desse contexto, as empresas/produtores que adotarem modelos que se adequem às melhores práticas ambientais, sociais e de governança – ESG, consequentemente, irão se diferenciar, contribuindo para alcançarmos patamares cada vez mais altos, aliando a produção à preservação.

ESG não é só uma tendência, e sim, permanência. Ou seja, caso as empresas não mudem seu modus operandis, o crescimento da produção agropecuária brasileira ficará limitado e o país poderá perder uma oportunidade excelente de se desenvolver.

Alinhando os pilares ESG ao agro

Ambiental (Environmental): Um dos grandes desafios que o produtor enfrenta no campo é produzir mais sem aumentar a área, visando a preservação dos recursos naturais. 

Isso só está sendo possível devido a disponibilidade das inovações tecnológicas aplicadas nas lavouras de todo o país. Por meio da tecnologia, os produtores têm acesso aos 4 cantos da sua propriedade, desde o plantio até a colheita com formulações exclusivas para um manejo eficaz e excelente.

Além disso, dados da Embrapa mostram que toda a produção brasileira de grãos, fibras e agroenergia preserva um total de 218 milhões de hectares, o equivalente à superfície de 10 países da Europa. Isso significa que os produtores rurais preservam mais vegetação nativa no interior de suas propriedades (20,5% do Brasil) do que todas as unidades de conservação juntas (13%).

Social (Social): refere-se aos direitos humanos e leis trabalhistas, diversidade e inclusão no ambiente de trabalho, entre outros pontos.

Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o agro gerou 150 mil vagas de trabalho em 2021. O setor é um dos que mais crescem no Brasil, garantindo mais saúde e segurança ao colaborador.

Governança (ou Governance): diz respeito às esferas de liderança da empresa, aos riscos de governança, direitos dos sócios/acionistas e terceiros interessados.

Eis a questão! A parte mais desafiadora desse tripé é a Governança. Esse pilar é a base estrutural para que os outros dois (Ambiental e Social) sejam alcançados.  

Segundo diversos stakeholders do setor, esse é o principal gargalo do agronegócio. O país conta com empresas familiares que dificultam a hierarquia, burocracia etc, além de ser extremamente complexo em seu processo de compliance. Incontáveis são as leis, normas e regras a serem cumpridas, comprometendo todo o processo.

O 1º pilar mostra como o país é referência em preservação ambiental

A agricultura brasileira, ano após ano, alcança novos patamares de produtividade, aderindo a tecnologia de ponta e visando a sustentabilidade no campo.

O Brasil está entre os maiores produtores do mundo na promoção de segurança alimentar, fibras e bioenergia. Além disso, é uma potência em preservação ambiental com mais de 66% de seu território recoberto por vegetação nativa. Quando agregadas as áreas de pastagem nativa do Pantanal, do Pampa, da Caatinga e dos Cerrados, essa porcentagem sobe para quase 75%.

Esses dados divulgados pela Embrapa foram obtidos através do CAR (Cadastro Ambiental Rural) criado pela Lei 12.651/12, sendo esse o novo Código Florestal, que reúne as informações das propriedades e posses rurais compondo uma base de dados para o controle, monitoramento, planejamento ambiental, econômico e de combate ao desmatamento.

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Mais uma oportunidade para o produtor rural sair na frente!

Um dos personagens da preservação da vegetação nativa do Brasil é o produtor rural. Mais um motivo para que seu trabalho sustentável no campo seja visto e reconhecido por muitos.

Apesar dos desafios enfrentados nos últimos anos, como intempéries climáticas, crises internacionais, problemas de logística, entre outros, a ESG deve se tornar parte vital do seu negócio.

A questão quantitativa deixará de ser a variável mais importante da equação de produção agrícola. Assim, a grandeza de uma empresa, por exemplo, não será mensurada pelo número ou tamanho das máquinas que realizam uma determinada operação no campo, mas sim, pela maneira como se dá a produção daquele cultivo.

Cada ação sustentável valorizará ainda mais o seu produto, potencializando  e fortalecendo ainda mais o seu negócio.

Faça da sua lavoura uma empresa sustentável!

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